Camboja
Por Fábio Porchat
Na verdade, o Camboja em si as pessoas não tendem a visitar. É muita confusão e corrupção e olha que isso tá vindo de mim, brasileiro nato. A verdade, também, é que há muitos lugares miseráveis e que não são bonitos de visitar, até por não terem muitas condições de receber turistas. Fiquei por lá rapidamente para conhecer o famoso complexo de Angkor Wat e por isso esse relato vai ser um pouco mais curto do que outros destinos. E focado em um lugar só do país.
Como eu mencionei, o lugar para onde as pessoas vão é Angkor Wat, o famoso templo, que já apareceu em centenas de filmes e é o maior símbolo do país. E ele, de fato, é um deslumbre, uma coisa sensacional. Em geral, por causa disso, a maioria das pessoas vão para lá ficar cerca de 3 dias e depois aproveitam para conhecer outro país vizinho do sudeste Asiático. O roteiro mais comum inclusive, que é o que eu fiz, é aliar a viagem ao Vietnã.
Apesar de serem ruínas, ainda que gigantescas e majestosas, o lugar conta com uma infraestrutura impressionante, cheio até de hotéis topo de linha. Esses hotéis, inclusive, seguem bem uma linha SPA/resort com piscinas e instalações para você descansar e relaxar. Até porque é muito quente e úmido e mesmo nós, do Brasil, sofremos com o calor. Vale ficar atento para a época das monções, para você não ter sua viagem estragada pela chuva.
O barato de Angkor Wat é que ele ficou muito tempo escondido sendo descoberto, relativamente, de forma recente. Então ele é bem intocado e preservado, tendo sofrido mais a ação da natureza e das intempéries do que a ação humana. O melhor para visitar, na minha opinião, é fazendo uso dos tours e visitas guiadas oferecidas pelos hotéis. São bem completos e você consegue absorver toda a história e particularidades do local. Você pode, e deve, até certo ponto, explorar o complexo sozinho. Mas acho que você acaba perdendo muito coisa interessante se optar por fazer tudo por conta própria.
Um passeio muito popular por lá é ir de manhã bem cedo para ver o sol nascendo sobre os templos. Fui com uma expectativa tremenda que só aumentou ao ver a massa de gente posicionada esperando o evento. Muitos equipados com material profissional de fotografia. Foi legal? Claro que foi. Mas acho que minha expectativa pode ter atrapalhado, pois confesso que não achei tudo isso. Ok que estava meio nublado e não deu para realmente ver o sol. Vai ver o azarado sou eu. Mas eu sou do seguinte pensamento: já tá lá e não vai ver? Por isso acho que vale e recomendo a todos fazerem. Pra isso é preciso sair do hotel às 4h!!!! Vista a aurora, é hora de passear e se perder pelo complexo, que é impressionante. Além da aurora você também pode acompanhar o pôr do sol do topo de uma das pirâmides. Novamente bem lotado, mas acabei achando mais bonito que o nascer do sol.
Outro templo muito legal para se visitar é o Sambor Prei Kuk, que ficou “perdido” por mais de 400 anos dentro da selva. Por isso árvores gigantescas cresceram ao redor engolindo e incorporando os prédios e estruturas. É uma coisa de louco. Incrível e lindo, você se sente dentro de uma das cenas do Indiana Jones. Aliás, gravaram pedaços do filme lá. A todo momento eu olhava para trás esperando uma bola imensa rolando no meu caminho. Foi um dos lugares mais pitorescos que já tive a oportunidade de conhecer. Em 2017 foi declarado Patrimônio Mundial pela Unesco.
De resto, a verdade é que o centrinho da cidade que serve de centro para os templos é muito safado e sem muitas atrações. Você encontra umas massagens e tal. Mas o principal são uns tanques com peixes nos quais você mergulha os pés para que eles possam comer a pele morta e rejuvenescer a sua pele. É uma coisa bem típica de lá e muito divertida e curiosa. E custa cerca de US$1.
Para comer acaba que você sempre termina no hotel. Devo dizer que eu era um pouco desconfiada com a procedência e qualidade dos restaurantes da redondeza e preferi não arriscar para não passar a viagem com uma dor de barriga. Ideal na cidade é visitar o comércio local, mas não comer. Para se locomover, você vai usar e abusar dos “tuk-tuk” que custam menos de 1 dólar e te levam para todos os cantos. Mas ficar no hotel curtindo a piscina (era beeem quente por lá) e tomando uns bons drinques também fazia parte do passeio.
E poucas coisas são tão belas e deslumbrantes quanto a magnitude de Angkor Wat. Só por isso já vale a ida ao Camboja.
DICAS
- A moeda lá é o Riel.
- A língua falada é Khmer. É mais fácil encontrar quem fale francês que inglês. Falam o inglês em geral muito mal. Situação melhora um pouco nos grandes hotéis.
- As monções ocorrem com maior intensidade entre Setembro e Outubro. Mas pancadas de chuvas ocorrem entre Maio e Outubro. Janeiro e Fevereiro é o período mais seco. O país também costuma sofrer com inundações. Em geral você pode esperar um clima quente e úmido.
- O país requer um visto, mas ele é muito simples de ser tirado. Você pode tirar pela internet (https://www.evisa.gov.kh/) ou na entrada de qualquer fronteira aérea ou terrestre.
- Seu passaporte deve ter validade de mais de 6 meses e pelo menos uma folha em branco para ser carimbada na imigração.
- Não é necessário o certificado de nenhuma vacina
OUTRAS ATRAÇÕES
- PHNOM PHEH – A capital do país é caótica e confusa, mas tem suas atrações. Destaque para o Museu Nacional, onde você aprende melhor o contexto da história do país, o Palácio Real e toda sua arte e o museu Tuol Sleng e os campos de extermínio de Choeung Ek onde você conhece a brutal e genocida história do regime do Khmer Vermelho.
- PRAIAS DE SIHANOUKVILLE – região linda de praias com várias opções de hotéis e resorts. Destino popular de mochileiros.
- RATANAKIRI – para os mais aventureiros. Área mais erma e simples no interior do país. Você pode visitar parques nacionais por lá.
- PRASAT PREAH VIHEAR – templo no topo das montanhas, na fronteira com a Tailândia. De uma beleza esplendorosa e sem igual. Dedicado a Shiva, é todo esculpido em pedra.
- BATTAMBANG – belíssimo complexo de templos situado dentre as áreas mais rurais e as plantações de arroz, tradição no país.
- KOH RONG SAMLOEN – ilhas paradisíacas e ainda pouco exploradas na costa do país. Ótimas para relaxar e para a prática de mergulho.
- LAGO TONLÉ SAP – maior lago de água doce do sudeste asiático. Lá você pode conhecer uma típica aldeia à beira d’água, características do país.
- KRATIE – lugar ótimo para explorar o rio Mekong e observar espécies ameaçadas de golfinhos.
- BANTEAY CHHMAR – próximo a Angkor Wat é outro templo gigantesco na vibe Indiana Jones que vale muito a pena para passear e conhecer. Destaque para as paredes de pedra elaboradas e trabalhadas.