Botswana
Por Fábio Porchat
Outro lugar que me encantou nesse continente que me conquistou, Botswana é um país onde se vai para fazer um safári de raiz e que cumpre com honras o prometido. Apesar do meu coração estar com o Quênia, considero Botswana como um dos melhores safáris que fiz pela África e recomendo até como uma primeira experiência para quem pretende inaugurar esse episódio em sua vida. Estive por lá cerca de 10 dias, o que considero um bom tempo apesar de não ter ido na época ideal.
Assim como a maioria dos destinos no continente africano, chega-se em Botswana a partir de Johanesburgo. É um voo rápido dada a proximidade entre os países. Mas os voos internos em Botswana é que são o desafio. Aqueles teco-tecos que são o sofrimento de quem tem medo de voar. Mas super tranquilos. Mesmo. Nem conheci Gaborone, a capital do país, pois embarquei direto para o delta do Okavango – onde toda ação acontece. E prepare-se para bastante ação e surpresas.
A melhor época para se ir é na época de cheia. Explico o porquê: quando está na época de seca, tudo vira uma imensa planície. Quando o rio enche, formam-se ilhas. E nessas ilhas, grupos de animais ficam…. ilhados. Com e sem trocadilho. Ou seja, cada ilha vira um ringue de MMA, onde a lei da selva realmente é a única que impera. Foi lá que entendi, literalmente, esse ditado. E é uma coisa impressionante. Por isso recomendo programar sua viagem para a época das cheias, lá pra maio, junho… eu fui em dezembro, mas não que não tenha aproveitado, fiz safáris incríveis.
Como mencionei, os safáris lá são mais no esquema guerrilha – não tem trilha pré-definida e o guia enfia o carro savana adentro, atrás do animais. E ainda tem uma diferença dos safáris na Tanzânia e no Quênia: o jipe é todo aberto. Não só você vê o bicho do teu lado como pode até tocar nele. Precisa nem dizer que é muito mais legal por causa disso. Umas das atrações por lá são os cachorros selvagens, mais raros de serem encontrados no restante do continente. Tive a sorte incrível de presenciar uma caçada deles e é sensacional. Aquela matilha correndo feito louca atrás de uma gazela e nosso jipe perseguindo. E eles foram bem sucedidos e almoçaram logo na nossa frente. É uma daquelas coisas que jamais vou esquecer.
Lá fiquei em 3 hotéis diferentes, o que recomendo muito, para você poder ver grupos de leões diferentes. Na época de cheia, pode-se ficar em hotéis próximos, que, por conta das ilhas que acabam se formando, são lugares muito diferentes uns dos outros. Como fui na seca, o ideal é ficar em hotéis bem afastados entre si.
Teve um hotel diferente e que se destacou que foi o Hotel King’s Pool. É sensacional, um hotel bem luxuoso com um chamado waterhole bem na frente, lotado de hipopótamos. Nunca havia visto tantos na vida. Eles, inclusive, passam pelo hotel à noite, quando vão comer. E é uma loucura. Fiquei a 5 metros deles na terra. Maravilhoso.
Uma coisa que vale a pena dizer é que celular não pega lá de maneira nenhuma, você vai ficar incomunicável e sem notícias do mundo exterior. Nem os hotéis tem internet, eles tem apenas aqueles telefones por satélite para serem usados em casos de emergência. Então se joga e aproveita o clima de natureza selvagem ao seu redor.
Surpreendente e linda, Botswana te oferece uma experiência completa de safári que é capaz de maravilhar do viajante iniciante ao viajante experiente em safári e na natureza africana.
Os hotéis são ótimos, até porque é o lugar no sul da África que mais recebe turistas europeus, ou seja, estão preparados. O povo de Botswana é muito receptivo e animado. Todos sempre querendo ajudar. Cantam, dançam e sempre com um sorriso no rosto. Muita gente fica tensa, achando que fazer safári dá medo mas, pelo contrário, dá uma tranquilidade na alma. Você exercita sua paciência indo atrás de todos aqueles animais. Eles em nenhum momento representam ameaça, aliás, nós é que somos a ameaça pra eles. Recomendo bastante para todos!
A rotina no hotel é sempre a seguinte: acorda-se às 5h, toma uma xícara de café ou chá e às 6h subimos no jipe para procurar ação. Caçada, cópula, animais se alimentando ou fugindo, enfim, a vida selvagem acontecendo na nossa frente. Um National Geographic, só que ao vivo. Às 8h paramos para tomar café da manhã no meio da savana. Sim, saímos do jipe. Por volta das 12h voltamos para o hotel para almoçar e descansar até as 16h, quando o passeio da tarde sai. Às 18h30h você está de volta no hotel só querendo tomar um banho, jantar uma comidinha caseira e tomar um vinhozinho para as 22h já estar na cama descansando porque amanhã tudo se repete. Mas cada dia é um dia totalmente diferente quando se está em um safári. O que será que você vai ver amanhã?
DICAS
- A moeda é o Pula.
- Os idiomas oficiais são: inglês e setswana.
- O clima lá é bastante árido visto que 70% da área do país é composta pelo deserto do Kalahari. Boa parte dele lembra o cerrado brasileiro. Mas a área do delta do Okavango é bem úmida e pantanosa. Há uma estação chuvosa, que costuma durar de outubro a março. Os verões são quentes, mas não insuportáveis, com temperaturas entre 20ºC e 30ºC, e os invernos, frios, com temperaturas próximas de 0ºC de manhãzinha nos dias mais gelados, esquentando ao longo do dia.
- O país dispensa a necessidade de visto para viagens de até 90 dias. É necessário ter uma página em branco para o carimbo de entrada. Ideal é que o passaporte esteja válido por, no mínimo, 6 meses.
- É necessária a apresentação do certificado internacional de vacina contra febre amarela. A vacina deverá ser providenciada até 11 dias antes do embarque.
- Viaje com uma mala pequena e uma mochila. Os hotéis lavam suas roupas de um dia para o outro e você não precisa mais do que 3 mudas de roupa: uma para usar no dia, uma para a noite e uma reserva.
- Leve binóculos para observar melhor os animais.
- Recomendo levar repelente, mas os hotéis são bem preparados e costumam ter.
- Levar um chapéu para se proteger do sol enquanto estiver nos safáris.